Amazon de olho no mercado de luxo
As mudanças causadas pela pandemia devem impactar, também, no mercado de luxo. De olho nesse filão, que fatura US$ 1,4 trilhão ao ano, a Amazon lançou a “Luxury Store”, loja disponível dentro do próprio site da empresa, mas com uma proposta bem segmentada. Só tem acesso, por exemplo, membros selecionados do Amazon Prime nos Estados Unidos e não há informações sobre uma possível expansão. O controle é feito em torno de uma lista de pedidos por convite para acessar a categoria.
Para a inauguração da funcionalidade, primeira marca convidada foi a grife Oscar de la Renta, que trabalha no segmento de roupas. Novas grifes deverão ser anunciadas em breve. No futuro, o “e-commerce de luxo” deve se tornar uma nova forma para marcas que desejam fazer expor produtos na plataforma, mas para um público bem específico. A ideia da Amazon é permitir a estas grandes marcas que customizem a experiência de venda na plataforma da maneira que melhor preferirem. Em uma entrevista para a Vogue, a presidente da Amazon Fashion, Christine Beauchamp descreveu a Luxury Store como uma forma de consumo “criativa e elevada” que adiciona “tecnologia inovadora” a uma compra “mais fácil e deliciosa”.
Além de opções de visual, as marcas da Luxury Store poderão:
- Definir itens como valores de preço,
- Informar e controlar disponibilidade do produto
- Definir qual produto será exibido a cada usuário conforme eles acessam a página,
- Definir se vai utilizar o serviço de entrega da rede de varejo para distribuir seus produtos,
- Possibilidade de visualizar o produto em 360◦.
Desafios do luxo
Em uma entrevista para a jornalista Fabiana Scaranzi no Youtube da Forbes Brasil, Carlos Ferreirinha, uma das maiores referências do mercado de luxo brasileiro e sócio-fundador da Bento Store, explicou que o mercado de luxo sempre foi muito resistente. Mas é necessário entender que a “transformação digital é o novo normal”. Segundo ele, para os negócios, o e-commerce agora é essencial, a crise só oficializou esse fato. Resta saber de que maneira a experiência, algo tão importante neste mercado, será oferecida para o consumidor. A aposta está em eventos petit comité na casa dos clientes (sendo eles embaixadores. Para o consumidor de luxo, o ir e vir é fundamental. Ganham as lojas de rua, que tem menor fluxo de pessoas, e ambiente 100% controlado pela marca.
Uma pesquisa inédita da Hibou com consumidores de produtos de luxo no Brasil, levantou dados que mostram a mudança de hábito desse público. Ela mostra que 27% dos compradores afirmar querer manter a rotina de comprar fisicamente nas lojas, porém precisam sentir que estão seguros. Para 91% ser transparente com os procedimentos de higiene dos espaços – principalmente nos shoppings, peças e cuidado com equipe – farão marcas permanecerem na lista de favoritas ou não.
Além disso, a responsabilidade social será um fator de desempate entre as marcas preferidas. 74% quer algo das marcas que ama além do “nome”, e 64% pretende optar dentre as suas favoritas na que mais colaborou, ou colabora, gerando empregos e ajudando pessoas em grupo de risco. Para os especialistas, o luxo se baseia em qualidade e estilo e, por isso, continuará existindo. Mas as marcas tem como novo desafio se engajar com mais proximidade e apresentar mais responsabilidade social e ambiental.